domingo, abril 20, 2008

O Texto

Como vos disse, fui convidado a escrever um texto para a revista especial da ACIFF.

Como já faz tempo que não escrevo nada do género, custou-me a começar. Agora, que já o enviei, publico-o aqui em primeira mão. Vamos ver se serve.
"Prevenção, a grande aposta


. Para se discutir o tema “Sinistralidade Rodoviária” e tudo o que a provoca, temos, necessariamente, que abordar a vertente “Higiene e Segurança no Trabalho”.
Uma percentagem da sinistralidade rodoviária deve-se, segundo estatísticas, à elevada velocidade que os condutores aplicam na condução das suas viaturas. No entanto, a velocidade só por si não é causa de sinistralidade. Têm de haver outros elementos circunstanciais para que o sinistro ocorra. Esta constatação leva-nos a pensar um pouco mais além e de uma forma mais lúcida.
Os períodos do dia onde ocorrem muitos acidentes são de manhã na ida para o trabalho e à tarde no regresso a casa. Tal facto deve-se não apenas à velocidade e outras circunstâncias, mas principalmente a dois pontos identificados; falta de civismo e stress.
A questão de falta de civismo é uma questão primária que só pode ser grandemente resolvida quando as entidades políticas a assumirem como problema social. A questão do stress deve-se em grande parte a um problema laboral que deve ser estudado e resolvido pelas entidades empregadoras.
Voltemos à primeira questão, a falta de civismo. Todos sabemos que o exemplo vem de casa e que muitas das atitudes dos nossos filhos são o espelho das nossas atitudes. Este é um problema que deve ser combatido com a inserção de formação ao nível do ensino básico e com acompanhamento paternal. No entanto, e como isso seria uma intervenção de décadas, devem as entidades laborais procurar promover formação extra aos seus funcionários, de modo que estes abordem a temática “Segurança Rodoviária” de uma forma séria e preocupada.

O grande problema das mentalidades é uma enorme barreira à perfeita visualização do que se pretende debater.
Olha-se para o Sistema Rodoviário de uma forma muito ignorante, ao ponto de se pensar que o possuir um título que habilite a conduzir um veículo dá total impunidade, quando na verdade cria uma posição, em muitos casos, atroz. Muitos são os condutores que intervêm no tráfego de forma animalesca.
Quantos serão os que realmente conhecem o actual Código da Estrada e as penalizações criminais que este contempla?
Para que a Segurança Rodoviária de todos deixe de ser uma utopia e passe a ser uma realidade; para que deixemos de ter famílias destroçadas por consequência de sinistros absurdos; para que a economia deixe de ter gastos gravosos e por vezes fatais para muitas empresas, tem de uma vez por todas de se apostar numa formação real e capaz aos colaboradores das empresas, para que estes possam constatar que circular na estrada sem que haja Prevenção e comportamentos de segurança pode ter consequências gravosas para eles e para os demais.
Cabe às Empresas, Seguradoras e Estado avançar com estas formações. São eles que têm que ter engenharia capaz de verificar que uma formação rodoviária contínua as seus colaborados e /ou Clientes provocará em curto espaço de tempo, não só uma diminuição nos custos com reparações de veículos, indemnizações, adaptações de funcionários, etc, mas também uma melhor qualidade de prestação de serviços, uma melhor qualidade de serviço aos colaboradores e um maior respeito pelos demais.

Pensar que investir em formação rodoviária é gastar dinheiro mal gasto é um erro estúpido e verdadeiramente insensato. Na verdade, o dinheiro que se gastará numa formação destas será uma infinidade quando comparado com os valores imensos resultantes de sinistro.
Com uma formação contínua (20/ 30 Horas anuais), as pessoas passarão a ter um conhecimento quase em tempo real das alterações ao Código da Estrada, das alterações rodoviárias existentes, assim como começaram a ter atitudes mais cívicas e racionais no meio rodoviário.
Com formação contínua na área da Condução Defensiva, o conhecimento com as novas tecnologias de segurança que equipam os automóveis novos, levará a que os condutores tenham um melhor comportamento e saibam como actuar em determinadas circunstâncias, baixando desta forma estados de ansiedade e stress que, em horário pós-laboral levam a que haja muitos acidentes.

Ainda assim, por mais formações que possam haver, cabe-nos a nós próprios tomar todas as prevenções para que a sinistralidade rodoviária pessoal e laboral não seja uma realidade.


Jorge Miguel Ortolá"

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